Luis Krausz analisa 10 obras de literatura judaica, produzidas na Europa Central entre os séculos XVII e XX, nas quais se encontram diferentes representações de heresia, no sentido mais amplo da palavra: como quaisquer dissidências em relação a tradições religiosas e comunitárias judaicas. O autor parte da hipótese de que as raízes da emancipação, assim como o surgimento de uma cultura espiritual laica entre os judeus, são desdobramentos tardios da crise religiosa desencadeada pela heresia sabataísta. Assim, a emergência de uma subjetividade judaica encontra na literatura o espaço por excelência para a representação dos questionamentos aos quais passa a ser submetida a tradição religiosa. Para muitos dos autores escolhidos, e aqueles que já não mais encontram na tradição as respostas para suas perplexidades, os livros e a literatura transformam-se então em santuários heterodoxos.
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Edusp - Editora da Universidade de São Paulo