Trabalhadores humanitários e o legado de Sérgio Vieira de Mello

Trajetória de Sérgio ilumina possibilidades da ação humanitária e o terreno como lugar dos direitos humanos

25/08/2020

Em JOTA

Por Gabriel Gualano de Godoy

Em 19 de agosto de 2003, a bandeira da ONU foi hasteada a meio mastro em homenagem aos 22 trabalhadores humanitários que perderam a vida quando a sede da Organização foi bombardeada no Iraque. Desde então, a data do dia mundial humanitário (#WorldHumanitarianDay) é o marco em que se prestam homenagens às inúmeras pessoas que nos deixaram tentando fazer do mundo um lugar melhor para se viver e respirar.

Em retrospectiva, 2019 foi o ano mais perigoso para os trabalhadores humanitários. Até o momento, o mundo testemunhou 483 grandes ataques contra a classe: 125 trabalhadores foram mortos, 234 feridos e 124 sequestrados.

Recentemente, o cinema tangenciou esse debate em um filme sobre o legado do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello. A circunstância excepcional da perda de um Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos permitiu a discussão sobre os limites e possibilidades da ação humanitária em contextos políticos concretos, nos quais a prática impõe o ponto de vista do terreno e exige um saber-fazer com os antagonismos sociais.

Neste breve texto, ilumino um ponto da trajetória de Sérgio Vieira de Mello que merece ser recuperado para além da sua projeção cinematográfica, ressaltando os aportes de suas reflexões marcadas por uma síntese pouco convencional de ideias de raiz kantiana e ideias de raiz marxiana, o que pode ser aprofundado em uma revisão mais atenta de seus próprios textos (alguns compilados na coletânea organizada por Jacques Marcovitch, Sérgio Vieira de Mello: Pensamento e Memória, Edusp, 2005). Ė interessante perceber a convivência entre o conceito abstrato de supranacionalidade, ou civitas maxima, título de sua tese de doutorado, com as lutas concretas por reconhecimento, cidadania e independência, em que se revela um compromisso com a transformação das realidades desiguais em que atuou.

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Leia o texto original na íntegra no Jornal da USP

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