Por que é tão difícil adaptar a história de “Dom Quixote” para o cinema?
29/05/2019
Por Leonardo Rodrigues
História do pretenso cavaleiro que combatia moinhos de vento imaginado gigantes, Dom Quixote (1605), do espanhol Miguel de Cervantes, é um dos maiores clássicos de literatura mundial e já rendeu dezenas de adaptações para a TV e cinema. A próxima estreia no dia 6 de junho: O Homem que Matou Dom Quixote, filme ao qual o britânico Terry Gilliam (ex- Monty Python) vinha se debruçando há mais de 20 anos. A releitura moderna, estrelada por Jonathan Pryce (Dom Quixote) e Adam Driver (Toby ou Sancho Pança), chega cercada de críticas e desconfiança – além de prognósticos pouco animadores de bilheteria. Não é a primeira vez.
Apesar das boas produções já lançadas, incluindo a aclamada versão soviética de 1957, dirigida por Grigoriy Kozintsev, e o telefilme de 2000 do diretor Peter Yates, indicado a vários prêmios, críticos e admiradores de Cervantes costumam convergir em um ponto. Não existe uma adaptação definitiva – ou algo que se aproxime disso – da saga do fidalgo espanhol, leitor voraz de romances de cavalaria, que um dia cede ao devaneio e passa a acreditar que ele mesmo havia se tornado um cavaleiro. Para tentar entender por que isso acontece, o UOL ouviu a professora de literatura espanhola da USP Maria Augusta Vieira, uma das maiores especialistas brasileiras na obra de Cervantes, e chegou a quatro tópicos que ajudam a explicar as dificuldades de uma transposição sempre delicada.
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