Livro investiga o brinquedo na industrialização paulistana
Trenzinhos e carrinhos traduzem ideais de progresso e modernidade na primeira metade do século 20, diz autora
08/04/2019
Por Luiz Prado
Para o historiador holandês Johan Huizinga (1872-1945), o jogo e a brincadeira são inerentes ao ser humano, anteriores mesmo à cultura. Por isso, a própria cultura carrega um caráter lúdico, que reveste diversas esferas da vida. Em algumas delas, esse caráter pode surgir escondido ou soterrado por outras leituras, como no direito ou na religião. Em outras, é explícito e incontestável.
Esse é o caso dos brinquedos infantis, que acabam de ganhar destaque com a publicação, pela Edusp, de Brinquedos de Lata Metalma – Objetos da Infância na Industrialização Paulistana, 1930-1950, de Ludmila Érica Cambusano de Souza. Com a obra, a autora se insere numa tradição de estudos sobre brinquedos e jogos que vai além de Huizinga, passando por autores do naipe de Walter Benjamin, Roland Barthes, Gilles Brougère e Robert Jaulin.
Resultado da dissertação de mestrado de Ludmila, feita no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, o volume investiga a produção e o consumo de brinquedos industrializados na cidade de São Paulo. O enfoque, como o título indica, é nas criações e na trajetória da Metalma – Metalúrgica Matarazzo S.A., empresa que se destacou na capital paulista.
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Na análise dos brinquedos e da publicidade veiculada sobre eles, Ludmila identifica os valores da sociedade paulista do período. Nacionalismo, modernidade, progresso, pujança industrial e valorização do produto nacional emergem entre tanquinhos de guerra, locomotivas e casinhas, na tentativa de mostrar a equivalência ou a superioridade do brinquedo brasileiro em relação ao estrangeiro.
A autora encontra espaço ainda para um mapeamento das principais lojas e fábricas de brinquedos da cidade de São Paulo na primeira metade do século 20, além de uma proposta de catalogação para o acervo da Metalma pertencente ao Museu Paulista.
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Leia o texto original na íntegra no jornal da USP