Livro de cartas entre Mário de Andrade e Alceu Amoroso Lima é lançado em BH

Professor da UFMG Leandro Garcia Rodrigues, organizador de Correspondência - Mário de Andrade & Alceu Amoroso Lima, também dará palestra sobre a obra

21/03/2019

Em Uai

Por Mariana Peixoto

O acervo do crítico literário, escritor e professor Alceu Amoroso Lima (1893-1983) conta com 32.454 cartas, entre correspondências ativas e passivas. É um dos maiores conjuntos de correspondência privados do Brasil. Professor de teoria literária de UFMG e diretor do Acervo de Escritores Mineiros da universidade, Leandro Garcia Rodrigues tem dedicado sua carreira à obra do autor.

Correspondência – Mário de Andrade & Alceu Amoroso Lima (Edusp/ IEB/PUC-Rio, 326 páginas) é a quinta publicação de cartas de Tristão de Ataíde (pseudônimo de Amoroso Lima) que ele organiza. Nesta quinta (21), Garcia lança o volume, seguido de palestra, no programa Universidade Livre, na Academia Mineira de Letras.

Para o livro, resultado de sua pesquisa de pós-doutorado na PUC-Rio, Garcia trabalhou com um universo de 56 cartas trocadas entre os dois autores entre 1925 e 1944. O acervo do autor fluminense está no Centro Alceu Amoroso Lima pela Liberdade em sua cidade natal, Petrópolis, e o do paulista está no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), da USP.

“A correspondência, para esta geração, era parte da obra. É nela que estes autores formulavam seu pensamento, funcionavam como um laboratório de criação. Quando ligavam para o Alceu, nos anos 1950, 1960, ele pedia para a pessoa desligar e escrever uma carta. Tem inclusive uma carta dele para o Murilo Mendes dizendo que, quando fosse tratar de um assunto sério, não telefonar, mas escrever”, afirma o pesquisador.

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Para o livro, o organizador trabalhou com dois blocos temáticos. “Nas décadas de 1920 e 1930, prevalece a crítica literária. Como o Alceu morava no Rio, ele, o principal crítico literário da época, mapeou as novidades. Nesta primeira fase, não há tensão entre eles. A única coisa que o Mário fala na cara do Alceu era que não entendia de poesia.”

Já a segunda fase da troca de cartas, entre o final dos anos 1930 e o início dos 1940, é mais ríspido. Em 1935, Mário de Andrade organiza o Departamento de Cultura, em São Paulo, e se torna seu diretor. “Quando Getúlio dá o golpe do Estado Novo (1937-1946), ele acusa o Mário de improbidade administrativa e coloca um interventor federal. Mais tarde foi comprovado que ele não fez nada, mas o Mário identificou a ação como sendo de um ditador. E a primeira instituição que deu apoio do Estado Novo foi a Igreja Católica. Ele não perde a fé, mas a crença na Igreja”, explica Garcia.

Leia o texto original na íntegra no Uai

 

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