O arquiteto francês Paul Planat usou a expressão casaca do arlequim ao analisar, em 1890, obras do ecletismo, qualificando-as como pastiche de múltiplas referências e associando seu caráter fragmentário ao traje feito de retalhos. Neste livro, a historiadora Heliana Angotti-Salgueiro insere o estudo aprofundado do estilo eclético na análise da criação de Belo Horizonte, idealizada para substituir Ouro Preto como capital de Minas Gerais e inaugurada em 1897. Apoiando-se em vasta pesquisa, a autora analisa a articulação entre as ideias e as formas, tanto locais como globais, presentes no pensamento racionalista do engenheiro Aarão Reis, autor da planta, nos modelos da École des Beaux-Arts de Paris retomados pelo arquiteto José de Magalhaes em seus projetos, e nas práticas dos mestres de obras italianos que construíram a cidade. Oferece, assim, uma obra de referência para todos que buscam entender a arquitetura e o urbanismo do século… Leia mais

Do maravilhamento utópico dos engenheiros e arquitetos do século XIX com o progresso e a racionalidade técnica, da crença no homem que vence distâncias, organiza a cidade e eleva monumentos difundidos internacionalmente, o que sobra hoje? Este é o ponto de partida dos ensaios de Antoine Picon, Bernard Lepetit, Donatella Calabi e Heliana Salgueiro, que renovam o enfoque dos estudos urbanos, desenvolvendo comparações entre a organização do território francês e a gênese da metamorfose haussmanniana e, de outro lado, as formas de transferência desse modelo a outros países, que evidenciam as diferenças em jogo. O cosmopolitismo à moda de Haussmann seria um equívoco, uma vez que o modelo não resiste fora de Paris. Mais uma razão para estudá-lo hoje, sob novas luzes, já que nenhuma cidade escapa da própria… Leia mais

Antoine Picon discute o ornamento contemporâneo a partir de uma análise retrospectiva dos diversos usos e funções do ornamento tradicional, e utiliza-se de inúmeras imagens e legendas informativas para elucidar o que chamamos de ornamento arquitetural hoje. Para o autor, sua reinvenção está ligada a novas práticas culturais e sociais que marcam o mundo globalizado da comunicação. A complexidade do retorno do ornamento na arquitetura é inseparável da tecnologia digital que possibilitou aos profissionais jogar com texturas, motivos e topologias suscitando relações com a “sociedade ornamental altamente individualizada em que vivemos”, na qual a comunicação pura e simples pode contar mais do que a mensagem. Os significados paradoxais conferidos ao ornamento, entre subjetividade e política, levam, enfim, a outra leitura de sua história e a entender o sentido da arquitetura na… Leia mais

A obra de Bernard Lepetit trouxe uma grande contribuição para as novas maneiras de escrever a história, abrindo-a ao diálogo com a geografia, a economia, a sociologia, a arquitetura e a antropologia. Os principais eixos de seu pensamento são as cidades e o espaço em relação às categorias temporais e sob escalas de observação variadas, com destaque para a trajetória dos atores sociais. Esta reedição apresenta ao leitor brasileiro a obra de Lepetit, trazendo alguns de seus textos mais importantes, já publicados em outros idiomas e também inéditos, que se inscrevem numa conjuntura de renovação internacional dos estudos urbanos. A edição conta com novo prefácio de Heliana Angotti-Salgueiro, no qual destaca o papel de Bernard Lepetit na idade de ouro da renovação da história urbana, apresentando uma dimensão reflexiva do contexto intelectual de sua obra e as tendências de estudos… Leia mais