Livros

A Adivinhação na Antiga Costa dos Escravos
Este é um estudo histórico-etnográfico pioneiro sobre os processos divinatórios praticados na região dos atuais Togo, Benin e Nigéria, entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX. No centro da obra está Fá, divindade que preside o destino dos homens e dos deuses, e cujo culto é fundamental para que possa haver comunicação entre os domínios do visível e do invisível. No oráculo de Fá estão inscritos os mitos, as lendas, os provérbios, as saudações e as prescrições mágico-religiosas que conformam a cosmovisão dos cultos a divindades conhecidas como voduns e orixás. Esses cultos foram trazidos para o Brasil em consequência da escravidão, e foram reorganizados numa pluralidade de sistemas religiosos, como o candomblé baiano, o tambor de mina maranhense, o batuque gaúcho, entre outros. Originalmente publicado em 1943, esta é a primeira edição em português, com tradução de Carlos Eugênio Marcondes de Moura e textos de Reginaldo Prandi e Sérgio… Leia mais

Como as Instituições Pensam
Apoiando-se nos fundamentos teóricos de Émile Durkheim e Ludwik Fleck, para os quais a verdadeira solidariedade só é possível quando os indivíduos compartilham categorias de pensamento, a autora empenha-se em esclarecer como o pensamento depende das instituições e discutir temas como solidariedade e cooperação. A escolha teórica é deliberadamente polêmica, visto que contradiz os axiomas básicos do comportamento racional, segundo os quais cada pensador é considerado como um indivíduo soberano. Mary Douglas investiga diferentes sociedades e comunidades e suas relações com as instituições, concluindo que os indivíduos compartilham seus pensamentos e harmonizam suas preferências, mas são as instituições que determinam a tomada das grandes… Leia mais

O Indivíduo e a Sociedade na Guiana
A região estudada por Peter Rivière localiza-se no nordeste da América do Sul, estendendo-se pelo Brasil, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, e é habitada por diversos povos, como aparais, wayanas, tiriyos, waiwais, uapixanas, makuxis, pemons, akawaios, yekuanas, piaroas e caribes. Partindo da análise da aldeia, entendida como manifestação geográfica e física da ordem, o antropólogo examina-a por meio do método comparativo, buscando inicialmente os traços invariáveis, para investigar as categorias constituintes desse tipo de sociedade, os relacionamentos entre as categorias mais importantes, a estrutura política interna das aldeias, bem como o papel do indivíduo e os problemas de continuidade social. A pesquisa de Rivière contribui para o inventário etnográfico daqueles povos, identificando os elementos essenciais de sua organização social e acompanhando suas… Leia mais

A Mata
Data de 1954 o prólogo de Lydia Cabrera para a primeira edição deste livro, com que ela iniciou seus estudos sobre a religiosidade afro-cubana. Ele é resultado de rigorosa pesquisa de campo, durante a qual a autora registrou depoimentos de sacerdotes, sacerdotisas e fiéis, que a informaram sobre o panteão das divindades, seus mitos e lendas, a hierarquia sacerdotal, os rituais de iniciação e, sobretudo, o emprego das ervas no campo da religiosidade e da profilaxia. Este segmento do livro ocupa boa parte da publicação e é da maior importância para o entendimento de um dos temas primordiais no que concerne às religiões afro-americanas. Um dos aspectos mais interessantes de A Mata é o paralelismo que estabelece com as religiões afro-brasileiras, bem como a apresentação das recriações, adaptações e reinterpretações pelas quais passou, em Cuba, a religião dos orixás, vodus e… Leia mais

Mitos do Estado Arcaico
Norman Yoffee desafia mitos que prevalecem e estão na base de nosso entendimento da evolução dos primeiros Estados, cidades e civilizações. Neste livro apresenta uma abordagem crítica da chamada teoria neoevolucionista, desenvolvida por antropólogos e sociólogos norte-americanos nas décadas de 1950 e 1960 e que se tornou, posteriormente, um dos principais paradigmas empregados por arqueólogos na interpretação das formas de transformação social e do surgimento do Estado. Propõe, ao mesmo tempo, uma crítica ao paradigma e um novo modelo para interpretar o surgimento e o funcionamento dos primeiros Estados, com ênfase nas sociedades mesopotâmicas, mas utilizando dados comparativos de outras regiões, em particular as sociedades indígenas do sudoeste e sudeste dos Estados Unidos anteriores à colonização europeia. É uma nova interpretação da teoria social evolucionista e uma leitura essencial para estudantes e pesquisadores que se interessem pela emergência de uma sociedade… Leia mais

Notas Sobre o Culto aos Orixás e Voduns
Pierre Verger conheceu o culto aos orixás na Bahia onde foi inclusive pai-de-santo e coletou material para comparação em várias viagens à África. Neste livro, analisa o culto aos orixás e voduns na Bahia e o compara com a tradição religiosa dos yoruba (Nigéria) e djèdjè (Daomé), de onde se originou. O autor descreve os rituais de iniciação, o estado de transe, os orixás e voduns e outros deuses menos conhecidos, além de cerca de 1500 orikis, transcritos para o yoruba e traduzidos para o português. Verger apoiou-se também na vasta literatura de viagens à África Ocidental, cujos registros permitem reconstituir, em parte, a fascinante história dessa religião que, nas Américas, adquiriu novos significados e expressões, e está em constante expansão e reatualização. O livro conta ainda com fotos de Pierre Verger que registram algumas cerimônias religiosas de caráter iniciático em terras africanas e na… Leia mais

A Travessia da Calunga Grande
Os cativos afronegros que chegaram ao Brasil, forçados a fazer a travessia da Calunga Grande expressão com que designavam o mar são os protagonistas de uma narrativa que este livro se propõe a ilustrar, por meio de imagens que rastreiam sua contribuição e a de seus descendentes na construção do país ao longo de três séculos. Extraídas de fontes diversas, como iconografia produzida por artistas viajantes, revistas ilustradas do Segundo Reinado e fotografias, as imagens se reportam a três momentos: o século XVII, quando artistas trazidos por Maurício de Nassau realizaram os registros pioneiros sobre o afro-negro; a iconografia do século XVIII, relativa principalmente às regiões de mineração de ouro e diamante; e as abundantes e múltiplas imagens do século XIX, que constituem documentação riquíssima sobre a vida cotidiana no Brasil. O acesso a esse vasto material é facilitado por três tipos de índices: temático, de artistas e… Leia mais

Vida Cotidiana em São Paulo no Século XIX
Os escritos selecionados para este livro apresentam a cidade de São Paulo no momento de transição entre a pequena vila dedicada à subsistência e a prosperidade decorrente do cultivo do café. São escritos diversos, como memórias, depoimentos, evocações, peças de teatro, que procuram reconstituir os contornos da cidade e de sua província. Os variados depoimentos oferecem um quadro da vida paulista, observada a partir de diversos ângulos e interesses, e deles emerge uma visão abrangente do cotidiano na cidade e no campo, observado por contemporâneos que o vivenciaram. A coletânea conta com textos de Aluísio de Almeida, D. Maria Paes de Barros, o Diário da Princesa Isabel, duas peças de teatro de autores paulistas, acompanhados de comentários de especialistas, e de um levantamento iconográfico de autoria do organizador, composto de desenhos e aquarelas de viajantes que aqui estiveram na primeira metade do século… Leia mais

Deuses e Vampiros
Este relato antropológico apresenta as impressões de Nathan Wachtel como pesquisador ao retornar a uma aldeia de índios urus, no altiplano boliviano, após vários anos de afastamento. É um momento de grave crise na aldeia, decorrente das mudanças radicais introduzidas em suas instituições e costumes, entre elas, a adesão de parcela significativa dos habitantes ao catolicismo e às religiões evangélicas e pentecostais. A ruptura dos laços tradicionais, criados e mantidos pela estrutura coletiva dual da religião pagã, interrompe práticas seculares e desestrutura o coletivo. Wachtel mostra como nesse contexto de desestruturação renascem personagens de um universo imaginário arcaico e fantástico, identificados com vampiros, aqueles que sugam o sangue com propósitos diabólicos e… Leia mais

Estou Aqui. Sempre Estive. Sempre Estarei.
Catalogação preciosa de mais de quatro mil representações, quinhentas das quais são reproduzidas aqui, relativas a 220 povos indígenas do Brasil. O principal estímulo para a realização do projeto a princípio foi, segundo o autor, a dispersão das imagens, a possibilidade de localizar e indicar as fontes em que elas se encontram e de ordená-las. As imagens foram catalogadas em ordem cronológica e numeradas, e estão agrupadas por etnia. Para melhor identificação, são apresentados mapas que indicam a localização dos povos indígenas, alguns deles ilustrados com imagens que retratam a vida cotidiana, a fauna e a flora. Complementando o levantamento, o autor preparou índices remissivos por etnias, descritores, índice topográfico, grafismos indígenas, cerâmica antropomorfa, máscaras antropomorfas, artistas, fotógrafos, autores e coleções. Como comenta Betty Mindlin, é um verdadeiro curso de história do Brasil, centrado nos registros, em imagens, da vida dos índios desde a chegada dos colonizadores no século… Leia mais