Mussolini dos trópicos
Doutor em história resgata o múltiplo fascista patropi Plínio Salgado
21/04/2019
Em Jornal Opção
Por Euler de França Belém
Quem não quer compreender tenta esconder determinados personagens e assuntos lamentáveis (ou ditos lamentáveis). Há quem acredite, inclusive na Alemanha, que censurar “Minha Luta”, de Adolf Hitler, pode evitar a disseminação de suas ideias nazistas. Pura fantasia. No mundo real, quando se quer combater uma ideia, porque ruim para a humanidade, o melhor que se faz é compreendê-la bem. Só se combate bem o que se entende bem.
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No Brasil há um personagem, o político Plínio Salgado – e, sim, escritor modernista e nacionalista –, que, por ter sido fascista, na sua vertente patropi, o integralismo, costuma ser esquecido ou ignorado. Mas vale estudar e expor o homem que, depois de apoiar, optou por tentar derrubar o presidente Getúlio Vargas e acabou exilado, em Portugal. Mais tarde, disputou a Presidência da República (em 1955, obteve 8,28% dos votos e perdeu para Juscelino Kubitschek). O historiador João Fábio Bertonha não se intimidou com a má fama do político e decidiu estudá-lo a fundo no livro Plínio Salgado: Biografia Política (1895-1975), publicado pela Editora da USP, a Edusp (408 páginas).
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É um exercício biográfico que busca reconstruir a vida de Salgado em sua integridade, sem se restringir ao período integralista, mas englobando sua vida toda e os diferentes papéis que desempenhou. O autor realizou ampla pesquisa bibliográfica, com consulta tanto a arquivos brasileiros quanto estrangeiros, como Itália, Portugal, Estados Unidos e Reino Unido. Para João Fábio Bertonha, o personagem desta biografia é Plínio Salgado e este está presente em todas suas páginas, mas o esforço maior é pelo entendimento de uma questão muito maior – a direita radical e as direitas em geral no Brasil do século 20 – por meio do estudo de sua vida política”.
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