Estereótipos sobre Villa-Lobos são quebrados por dois novos livros

Imagem do compositor brasileiro como intuitivo, exótico, nacionalista e irregular é colocada em xeque por novos pesquisadores

03/08/2019

Em O Estado de S. Paulo

Por João Marcos Coelho

Esqueça a velha e desgastada imagem de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) como “índio de casaca” e devorador de criancinhas que escandalizou o bem-comportado “tout monde” parisiense dos anos 1920; como ícone do nacionalismo musical brasileiro, compositor caudaloso, “amazônico”, mas muito desigual, “chutador”, intuitivo; e mesmo como o mitômano que se lambuzou de exotismo para “vender-se”, primeiro na Europa, depois nos EUA (ele se rendeu a Hollywood, compondo a trilha de Green Mansions em 1959). Uma nova leva de pesquisadores das universidades brasileiras vem destruindo todos estes estereótipos, desmentindo frases feitas há muito aceitas e repetidas por toda a segunda metade do século 20. Reviravolta consistente, fundamentada em pesquisa rigorosa.

“Embora Villa-Lobos seja unanimemente considerado o maior vulto da história da música brasileira”, escreve Rodolfo Coelho de Souza em artigo de 2009 sobre o Rudepoema, “sua obra é invariavelmente elogiada apenas por seus aspectos de representação nacionalista. O que se constata é que a musicologia, tanto internacional quanto brasileira, valoriza Villa-Lobos pelo lado do exotismo e procura reforçar essa tese desqualificando suas habilidades técnicas.”

Dois livros recentes – um, coletivo, outro individual – consolidam essa guinada radical. Ele foi, de fato, um dos quatro ou cinco mais importantes compositores do século 20. Exagero? Não. A mais pura verdade, a julgar pela leitura dos catorze diversificados ensaios de Villa-Lobos, um Compêndio – Novos Desafios Interpretativos, organizado por Paulo de Tarso Salles e Norton Dudeque. O primeiro, além disso, também assina Os Quartetos de Cordas de Villa-Lobos – Forma e Função.

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Salles, com certeza o maior responsável por esta nova imagem do compositor, diz ao Aliás que este tipo de resultado só poderia surgir agora, em consequência da “adequação da ferramenta analítica ao material musical investigado. Um aspecto central na produção villalobiana é a questão de uma estética ‘moderna’, não apenas pelo ponto de vista do modernismo brasileiro, cuja questão central era a expressão de identidade cultural/racial, etc., mas também do ponto de vista técnico, envolvendo a pesquisa de novas linguagens. Creio que uma proposta metodológica para lidar com essas questões na música de Villa-Lobos deva partir dessas ideias, até encontrar um método satisfatório de formular as perguntas corretas diante da obra villalobiana”.

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Leia o texto original na íntegra no Estadão

 

 

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