Editoras universitárias contribuem para um mundo mais crítico
Formação de leitores e novos escritores são algumas das portas abertas pelas instituições, mesmo em época de retração do mercado
09/11/2020
Por Vitória Pierri
A categoria de livros Científicos, Técnicos e Profissionais (CTP) teve queda de 41% nas vendas entre os anos de 2006 e 2019 em todo o País, segundo dados da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, coordenada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Foi a categoria de livros que apresentou a maior retração. No geral, a queda no faturamento pelas vendas de livro no período foi de 20%.
Para enfrentar esse cenário, as editoras universitárias seguem publicando livros acadêmicos e buscam ampliar o leque de títulos oferecidos, abrindo as portas para autores de fora de suas respectivas unidades. O Brasil tem mais de uma centena de editoras universitárias, entre elas as vinculadas às três universidades públicas paulistas, USP, Unesp e Unicamp.
A Editora da Universidade de São Paulo (Edusp) foi fundada em 1962 e, depois de atuar como coeditora por quase 30 anos, ganhou seu departamento editorial em 1988. Desde sua criação até o momento, possui cerca de 1,8 mil títulos publicados. Carlos Roberto Ferreira Brandão, diretor-presidente da Edusp, informa que publicar a produção da Universidade é o alvo da editora, mas que isso não é limitado a professores da USP, pois “a Edusp recebe propostas de qualquer interessado em publicar um livro de cunho universitário acadêmico”. Assim, os interessados devem consultar o site da editora, onde consta o passo a passo para publicação, aconselha Brandão.
Para Luiz Silveira Menna Barreto, professor aposentado na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, que publicou pela Edusp três edições do livro Cronobiologia: Princípios e Aplicações, junto com Nelson Marques, professor aposentado do Departamento de Clínica Médica da USP em São Paulo, a boa experiência com a editora fez com que os professores planejassem publicar mais obras pela Edusp: “Estamos escrevendo um livro sobre história e perspectivas da nossa área de pesquisa, a cronobiologia”, conta Barreto. Além disso, publicar a “tradução de uma coletânea de obras do biólogo evolucionista Richard Lewontin” também faz parte dos planos dos professores.
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